COMO COMEÇOU A SUA JORNADA NO MUNDO DOS VINHOS? HÁ ALGUM MOMENTO OU MENTOR QUE TENHA SIDO PARTICULARMENTE MARCANTE NA SUA TRAJETÓRIA?
CARLOS RAPOSO: DESDE CEDO QUE ME APERCEBI DA LIGAÇÃO QUE TINHA COM A NATUREZA. O MEU PAI TINHA UMA QUINTA E EU ADORAVA PASSAR LÁ OS MEUS TEMPOS. FOI ENTÃO AOS 16 ANOS QUE SEGUI ENOLOGIA E VITICULTURA NA ESCOLA CVR BAIRRADA.
EM 2011, QUANDO REGRESSEI A PORTUGAL, TIVE A OPORTUNIDADE DE CONHECER O DIRK NIEPOORT E COMEÇAR A TRABALHAR COM ELE. FOI E AINDA É UMA PESSOA MUITO ESPECIAL PARA MIM. NA FACULDADE APRENDI A FAZER BONS VINHOS, COM O DIRK APRENDI A FAZER VINHOS AUTÊNTICOS.
O QUE O MOTIVOU À CRIAÇÃO DA PRÓPRIA MARCA DE VINHOS E COMO ISSO REFLETE A SUA IDENTIDADE COMO ENÓLOGO?
CARLOS RAPOSO: A VIDA É FEITA DE SONHOS, E COMO TAL, ETAPA POR ETAPA E AO FIM DE TRABALHAR COM OS MELHORES E GANHAR EXPERIÊNCIA O PRÓXIMO PASSO SERIA TER A MINHA EMPRESA DE VINHOS, É SEMPRE UM PASSO DIFÍCIL E PERIGOSO, MAS FELIZMENTE CORREU E ESTÁ A CORRER BEM.
QUAIS AS CASTAS PORTUGUESAS, QUE ACREDITA QUE TÊM MAIS POTENCIAL PARA SURPREENDER OS CONSUMIDORES FORA DE PORTUGAL?
CARLOS RAPOSO: RUFETE, UMA CASTA TINTA, É UMA CASTA MUITO ELEGANTE, FRESCA E COM UMA PRECISÃO INÉDITA.
BARCELO BRANCO UMA CASTA MUITO ANTIGA DO DÃO COM UMA FRESCURA E ACIDEZ ALTA E COM GRANDE POTENCIAL DE ENVELHECIMENTO.
QUAIS SÃO OS MAIORES DESAFIOS QUE ENFRENTA NA PROCURA PELA EXCELÊNCIA E AUTENTICIDADE NA PRODUÇÃO DE VINHOS?
CARLOS RAPOSO: ACREDITO MUITO NA NATUREZA E NO MODO QUE ESTA NOS “OFERECE” A MATÉRIA PRIMA, COM A EXPERIÊNCIA QUE VAMOS ADQUIRINDO, CADA VEZ MAIS É NÍTIDO PARA MIM QUE SE TIVERMOS UMA BOA UVA 80% DO TRABALHO ESTÁ FEITO, OS OUTROS 20 É DA RESPONSABILIDADE DO ENÓLOGO, NÃO ESTRAGAR…
COMO O CONCEITO DE SUSTENTABILIDADE INFLUENCIA AS SUAS DECISÕES NA VINHA E NA ADEGA?
CARLOS RAPOSO: PARA MIM NÃO É UM CONCEITO, É UM ESTILO DE VIDA!
A SUA ABORDAGEM COMO ENÓLOGO É FREQUENTEMENTE ASSOCIADA À VALORIZAÇÃO DO TERROIR. O QUE SIGNIFICA, PARA SI, CAPTURAR A ESSÊNCIA DE UM TERROIR NUM VINHO?
CARLOS RAPOSO: SE RESPEITARMOS A VINHA NO SEU TODO, TEREMOS O REFLEXO NA NOSSA GARRAFA, SE RESPEITAMOS O MÁXIMO A ESSÊNCIA DA UVA, O ENÓLOGO NÃO PRECISA QUASE DE TOCAR, SÓ VIGIAR E ENCAMINHAR.
O QUE ACREDITA QUE OS CONSUMIDORES MAIS PROCURAM NUM VINHO, ATUALMENTE? COMO É QUE ISSO IMPACTA O SEU TRABALHO COMO ENÓLOGO?
CARLOS RAPOSO: AUTENTICIDADE… OS CONSUMIDORES ESTÃO CANSADOS DE BEBER VINHOS QUE SÃO MUITO PARECIDOS, MESMO SENDO DE REGIÕES, TERROIRS, DIFERENTES.
QUAL O MAIOR DESAFIO QUE ENFRENTA AO CRIAR VINHOS QUE SE DESTACAM NO MERCADO COMPETITIVO ATUAL?
CARLOS RAPOSO: A MINHA PRINCIPAL PREOCUPAÇÃO É MANTER E MELHORAR SEMPRE A QUALIDADE DOS NOSSOS PRODUTOS.
É DIFÍCIL FAZER UM GRANDE VINHO, MAS MAIS DIFÍCIL É LANÇAR TODOS OS ANOS E VÁRIAS REFERÊNCIAS COM UMA QUALIDADE EXCELENTE.
SE TIVESSE DE ESCOLHER UM ÚNICO VINHO DA SUA CARREIRA ATÉ AO MOMENTO, PARA CONTAR A SUA HISTÓRIA, QUAL SERIA E PORQUÊ?
CARLOS RAPOSO: SERÁ O IMPERFEITO 2018 BRANCO DOS VINHOS IMPERFEITOS, MARCOU O INÍCIO DO MEU PROJECTO PESSOAL E JÁ DEU PROVAS E CONTINUA A DAR QUE FOI UM DOS MELHORES VINHOS QUE FIZ ATÉ HOJE.
QUAL É O MAIOR ELOGIO QUE UM VINHO SEU PODERIA RECEBER DE ALGUÉM QUE O PROVA?
CARLOS RAPOSO: É SIMPLESMENTE, AQUELE SOM DE QUANDO SE PÕE O VINHO A BOCA…”HUMM"