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Dona Matilde, das mais antigas e famosas propriedades da região do Douro
A quinta Dona Matilde é uma das mais antigas propriedades da região do Douro. Anteriormente conhecida por Enxodreiro, a quinta integrou a primeira demarcação, ordenada pelo Marquês de Pombal em 1756, e fazia parte das propriedades com autorização para produzir “vinhos de feitoria”, expressão sinónimo dos melhores vinhos, aqueles que se destinavam à exportação. Ainda hoje toda a vinha da quinta tem letra A, a mais alta classificação da região, utilizada no setor do vinho do Porto.
Escrevia Augusto Leal no livro Portugal Antigo e Moderno, em 1875:
“O vinho desta quinta é muito fino, não obstante o seu cultivo parecer ser muito caro, devido à forte inclinação do terreno e da sua composição de pedra de xisto.”Localizada na margem norte do rio Douro, na zona da barragem de Bagaúste, a quinta possui 28 hectares de vinha, instalada entre as cotas 50 e 300 metros e com grande frente de rio. vinhas velhas entre 75 e 95 anos, plantações com 25 anos e mais recentes com apenas 3 anos.A Quinta Dona Matilde constitui igualmente um importante habitat natural do Douro. Com uma superfície total de 93 hectares, sobra uma ampla área ocupada por terrenos incultos, de vegetação natural, na qual se incluem os chamados mortórios e também muitas oliveiras – a quinta possui 1100 cadastradas, mas no antigo livro de registos do fundador está inscrita a compra de 12 mil oliveiras em meados do século passado.Ladeados de árvores de grande porte ou muros de pedra, os caminhos da quinta seguem ainda em direção ao pomar de laranjeiras e limoeiros ou aos jardins em socalcos, com rosas e outra vegetação tipicamente mediterrânica. Este território de biodiversidade do Douro é habitado igualmente por perdizes, milhafres, águias de Bonelli; lebres, raposas e javalis; cobras, aranhas e muitos outros insetos predadores de pragas da vinha.
A Quinta Dona Matilde chegou à família Barros pelas mãos de Manoel Moreira de Barros, em 1927. A compra da quinta aconteceu num período de grande desenvolvimento do negócio dos vinhos da família, tendo a propriedade beneficiado de avultados melhoramentos: para além da plantação de novas vinhas, foi reconstruída a casa e foram criados amplos jardins. Em homenagem à sua mulher, Manoel de Barros mudou o nome da quinta, então chamada de Enxodreiro, para Dona Matilde.
Em 2006, a família Barros vendeu o grupo Porto Barros e, com ele, a quinta Dona Matilde. Nos meses seguintes, sem o Douro e sem a vindima, o neto do fundador, Manuel Ângelo Barros, sentiu que 30 anos de trabalho na região deixam raízes e procurou vinhas no Douro para comprar.
Quis o acaso – e a intuição da mulher de Manuel Ângelo – que a Quinta Dona Matilde acabasse por regressar às mãos da família, no final de 2006.
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